BOA NOITE

Com 90 anos recém completados, o taubateano Cid Moreira é conhecido por sua longa permanência como âncora do Jornal Nacional. Foram 27 anos, de 1969 a 1996. Isso faz dele o profissional brasileiro que ficou mais tempo à frente de um mesmo telejornal.

 

TEMPO DE TORTURA

O Jornal Nacional estreou no início do período mais duro do regime militar (1964-1985), quando prisões e perseguições políticas foram intensificadas pela ditadura.

Um fato impactanteda história recente do Brasil conecta um conterrâneo de Cid Moreira aos primeiros dias daquele programa jornalístico.

“Be quiet”

“Be quiet!”, berra Paulo de Tarso Venceslau, entrando no Cadillac pela porta do carona e rendendo o motorista. Tem um 38 na mão. Ao mesmo tempo, arranca os fios do rádio que fazem comunicação com a segurança da embaixada. O famoso “Sequestro do Embaixador Americano”, Charles Elbrick, executado por guerrilheiros da ALN e MR8, estava em andamento.

EXIGÊNCIAS

O taubateano Paulo de Tarso era da ALN (Ação Libertadora Nacional), comandada por Carlos Marighella.

Para devolverem o refém, os revolucionários exigiram duas coisas do governo: libertar 15 presos políticos e obrigar a divulgação na íntegra de uma carta-manifesto em todaa imprensa.

 

PORTA-VOZ

Cid Moreira foi um dos que leu por obrigação, em rede nacional, o manifesto. Eram tantas as pancadas aos militares, que a leitura mereceu uma ressalva do apresentador:

“É o manifesto que está dizendo, não sou eu. Não!”

REPRESSÃO

Após libertarem o embaixador, o destino de seus captores foi fuga, tortura, prisão e assassinato.  Paulo de Tarso, por exemplo, foi preso e barbaramente torturado. Voltaria à liberdade em dezembro de 1974 para fazer história em outras ocasiões.

Cid Moreira ficou no JN até 1996.

 

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